MELHOR SAÚDE
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As linhas do tempo acima nos mostram, em anos, como nós humanos e seus ancestrais se alimentaram ao longo do tempo. A relevância dos industrializados perante a civilização, da agricultura para a nossa espécie, e finalmente da agricultura para o nosso ancestral Homo erectus, o mais próximo em estilo de vida e alimentação.
A agricultura é um fenômeno relativamente recente na história evolutiva humana, cerca de 10 mil anos, ou 333 gerações. Um período pouco significativo para produzir mudanças genéticas, e que coincide com a eliminação gradual da seleção natural. Neste período foram introduzidos principalmente os grãos, leite e derivados, tomando lugar do que era consumido na natureza. E também vieram doenças antes desconhecidas por qualquer homem pré-histórico: Escorbuto, pelagra, beribéri, anemia e problemas ósseos. Todas causadas por deficiências na alimentação.
Há apenas 150 anos deu-se início à introdução de alimentos industrializados, altamente processados e com aditivos químicos para aumentar a conservação e a palatabilidade. Junto veio o que é conhecido como "doenças da modernidade": Obesidade, hipertensão, diabetes, câncer, problemas cardíacos e doenças inflamatórias generalizadas. Resfriados que deveriam ser eventos isolados na vida de uma pessoa se tornaram periódicos.
A nossa espécie, o Homo sapiens, existe de forma praticamente igual ao que somos hoje há 180 mil anos. Eles eram caçadores-coletores, se alimentam de caça, pesca, frutas, tubérculos, vegetais e eventualmente algumas nozes. E qual seria o ancestral mais antigo com o mesmo estilo de vida e alimentação? Podemos adotar 4 critérios bem rígidos para encontra-lo. Ele precisa: utilizar armas e ferramentas, dominar o fogo, viver em tribos e caçar grandes animais em grupo. O ancestral mais antigo, que atende todos os 4 requisitos, é o Homo erectus, que surgiu há cerca de 2 milhões de anos.
Embora tenha permitido o surgimento da civilização e super populações, a alimentação com grãos é apenas uma alternativa fácil e barata para produzir em larga escala, totalmente indiferente quanto aos efeitos na saúde dos indivíduos. Mesmo uma dieta moderna considerada equilibrada, ainda peca muito em sua qualidade nutricional.
Como é possível ver, a Dieta Paleolítica aniquila as recomendações tradicionais em proteínas, gorduras monoinsaturadas, Ômega 3, fibras, vitaminas e minerais. As únicas exceções são sódio e cálcio.
É interessante manter uma ingestão baixa de cloreto de sódio, ele está relacionado como uma das causas de diversas doenças: Hipertensão, derrame, câncer de estômago e até asma. Creio que nesse ponto não sejam necessárias grandes explicações.
Já o cálcio pode preocupar em um primeiro momento. Porém, alto cálcio não melhora a saúde óssea. A população hoje tem um ótimo consumo de cálcio e níveis alarmantes de osteoporose, doença ausente em povos com alimentação natural (e metade da quantidade desse mineral). O que realmente influi na saúde óssea é uma boa exposição solar (para produção de vitamina D), um alto consumo de proteínas, um delicado equilíbrio entre cálcio, fósforo, magnésio, potássio, sódio, zinco e outros. Uma dieta neutra ou alcalina (alto consumo de frutas e vegetais) também preserva a mineralização óssea (embora alguns questionem, há uma gama imensa de estudos comprovando a relação).
Alto cálcio por outro lado prejudica a absorção de ferro, zinco e magnésio, as deficiências mais comuns hoje. Pacientes com anemia não devem consumir leite e derivados, ou consumi-los com grande distância das fontes de ferro. Alto cálcio também pode causar cálculo renal. Embora seja fácil suplementa-lo em uma Dieta Paleolítica ou tradicional, não há qualquer benefício (e vários possíveis problemas). Se quiser ler mais sobre a questão, este relatório de Harvard trás mais detalhes.
A Dieta Paleolítica padrão não é uma dieta de baixo carboidrato e alta gordura, e possúi pouca gordura saturada, preferindo a gordura insaturada de qualidade (azeite, abacate, castanhas, etc). Com isso são esperados exames que irão surpreender seu médico. Não é possível analisarmos o colesterol de fósseis do Paleolítico, porém existem hoje tribos isoladas, que mantém o estilo de vida natural, podendo ser um ótimo referencial.
Já existe uma revisão sistemática de estudos sobre a Dieta Paleolítica. Ela concluiu que a dieta causa grandes mudanças em vários marcadores de risco para doenças da síndrome metabólica, em relação a uma dieta tradicional. Ela melhorou a pressão sanguínea, glicose, colesterol, circunferência da cintura e triglicerídeos. O estudo está AQUI. Lembrando que: essa é a versão correta, baixa em gordura saturada.
Saiba mais sobre quais alimentos evitar e as razões específicas AQUI.
E AQUI como simular uma alimentação natural, livre das terríveis doenças da modernidade.
Cordialmente, Vinícius Custodio.
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